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6 Mini Óperas de Laboratório

Palácio do Sobralinho
27 e 28 Jan 2024
Estreia

Espaço QC, Porto
4 Fev 2024, 17:00

6 mini óperas compostas no âmbito do 2º Laboratório de Criação de Ópera Contemporânea, organizado pela Inestética no Palácio do Sobralinho, de Outubro de 2023 a Janeiro de 2024, sob direcção artística do compositor Carlos Marecos e do encenador Alexandre Lyra Leite, a partir de poemas de amor de autores portugueses, do séc. XVII ao séc. XX.

Programa / Compositores

JOÃO PACHECO
Inutilmente
a partir de um poema de Marquesa de Alorna

“Inutilmente” baseado num poema da Marquesa de Alorna é um monodrama para soprano e ensemble onde é explorado o confronto com emoções complexas: como estas se processam, evoluem, se sobrepõem, e aceitam. É uma obra sobre a utilidade do “inútil”, do silêncio, mas também do grito, da fuga, da sinceridade.

TIAGO JESUS
Fragile
a partir de um poema de Cesário Verde

O monodrama Fragile, baseado no poema A Débil de Cesário Verde, assenta na relação de um casual atual, daquilo que ambos valorizam, a necessidade de mudar, melhorar e crescer juntos. Contudo, este poema sobre o amor funciona antes como um objeto de um tempo que não existe mais. Um tempo que subitamente deixou de existir e não pode existir mais. O homem entra em cena com uma caixa na mão com os pertences de alguém. O amor ganha uma dimensão de luto e memória agora. Fragile mergulha na intimidade desse momento, explorando a vulnerabilidade das emoções sentidas pelo homem, diante da memória de algo que já não existe.

BÁRBARA SANCHEZ
Volúpia
a partir de um poema de Florbela Espanca

A Poesia de Florbela Espanca é aqui imaginada como uma mensageira das Canções de Amor das trobairitz e troubadours do séc. XII no Sul de França. Trovadoras e trovadores escrevem e cantam os seus próprios versos, vivendo sob o código/ética de Paratge, o príncipio de igualdade e equilíbrio. A perseverança e personalidade lírica forte e demarcadamente pós-romântica de Florbela juntam-se em Volúpia, esta pequena ópera que aqui vos apresento, às melodias da Occitânia medieval. As Canções de Amor e toda a tradição da música trovadoresca surgem como uma fonte de estudo e inspiração sobre o que a composição musical nos dias de hoje e a poesia de Florbela Espanca no séc. XX nos evoca entrando em contacto com a tradição antiga da sociedade Provençal. O desejo indomável e feroz que se sente no poema de Florbela Espanca lembra os avisos amargos e impiedosos de algumas canções provençais, um amor que está sempre entre o mundano e o sublime – uma tensão tipicamente operática. Evoco o espírito do Amor através dos tempos.

DAVID MIGUEL
Deligere
a partir de um poema de Almeida Garrett

O poema ‘Gozo e Dor’ (Folhas Caídas, 1853) de Almeida Garrett é transformado numa narrativa sobre um arquétipo da condição humana: Deligere, ou seja, a Escolha. Aquele que de tanto amar e ser amado sente dor, tem sempre uma escolha a fazer: suspender ou prosseguir. Um amor tão intenso, tão forte, que transcende a razão de Kant. Dois amantes cuja paixão é tão excessiva que condiciona o livre-arbítrio de Sartre. Consortes num percurso de penitentes, agrilhoados pelas suas escolhas. Deligere é uma mini-ópera sobre a teoria da decisão e o delírio da paixão inspirada na estética de Adam’s Passion de Arvo Pärt e Robert Wilson.

DIOGO DA COSTA FERREIRA
és a madrugada pura e sem ruína
a partir de um poema de Soror Madalena da Glória

Frágil. Delicado. Vulnerável.
Amor, amar: um acto vivo e reiterado.
Cultivar um peito entreaberto é sempre cuidar de um terreno fértil, singular, extinguir o intervalo que nos separa até sermos um só, rasgar os sulcos como um escultor de recordações eternas, semear bosques e estrelas como quem planta um incêndio sempiterno, inextinguível, banhar esse campo com o imenso rio que
vive e se agita cá dentro, e voltar ao início, novamente, sempre.
Frágil. Delicado. Vulnerável.
Amor, amar: acreditar, cultivar, sem hesitação.
Deixar que a madrugada se instale dentro do peito, e que o coração desponte fulgurante.
Frágil, delicado e vulnerável: o amor.

IRIS BRAMBERGER
Vislumbres da cidade
a partir de um poema de Ângelo de Lima

“Vislumbres da cidade” pretende ser uma exploração de uma cidade, mostrando tanto a beleza como o desagradável da mesma. Começa com uma vista aérea de uma cidade, aumentando cada vez mais os pormenores, e acaba por se fixar na interação de dois estranhos, um deles acreditando poder ver o universo nos olhos do outro quando, na verdade, apenas se apaixona cada vez mais por uma ilusão que criou, provocando medo no outro. A situação permanece sem solução, voltamos a uma macro-visão da cidade.

Duração aprox: 75 minutos (c/ intervalo)

© Vítor Hugo Costa

Ficha Artística

Direcção artística
Carlos Marecos e Alexandre Lyra Leite
Direcção musical Carlos Marecos
Barítono Rui Baeta
Soprano Patrícia Modesto
Flauta Adriana Almeida
Saxofone Philippe Trovão
Viola de arco Magda Pinto
Violoncelo Joana Correia
Desenho de luz / Vídeo Alexandre Lyra Leite
Direcção técnica Fernando Tavares
Assistência técnica Inês Maia
Assistência de produção Susana Serralha
Design gráfico Rita Leite
Registo e edição vídeo Vítor Hugo Costa
Produção Inestética

Apoios
República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho
ESML – Escola Superior de Música de Lisboa
Imarte / Arte Franca
Metafilmes