IMATERIAL
de Alexandre Lyra Leite
Performance, 2016
O teatro, tal como o amor, é inexplicável, porque resulta de uma matéria invisível. O que verdadeiramente recordamos de um espectáculo? Uma imagem, um fio de luz? A revelação de um gesto subtil, um abraço demorado, duas personagens de costas? Uma palavra que nos bateu forte no peito? E se no teatro não existisse matéria humana? O que restaria?
A pintura de Edward Hopper serve de elemento inspirador para a performance de Alexandre Lyra Leite, que cruza territórios do teatro e da instalação, para reflectir sobre a dimensão imaterial da percepção e da memória no acontecimento teatral.
fotos © Alexandre Lyra Leite
Ficha Artística / Técnica
Concepção e direcção artística Alexandre Lyra Leite
Interpretação Afonso de Melo, Erica Rodrigues
Concepção visual Rita Leite, Alexandre Lyra Leite
Montagem e assistência técnica Fernando Tavares, Jorge L. Santos, Paulo Antunes, José Ricardo Ribeiro Ferreira
Apoio à produção Yara Cléo, Susana Serralha, Cristina Rodrigues Pereira
Produção Inestética companhia teatral
Projecto financiado pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
Apoios Arte Franca – Publicidade, Imarte – Design, Paulino&Ceitil, Alhandra, Óptica Príncipe Real, Lisboa
Agradecimentos Ana Paula Padinha, Estela Sampaio, Fernando Costa Antunes, Isabel Leite, Joana Novo, Maria Ermelinda Paulino Ceitil, Ricardo Pereira, Rodrigo Leite, Sara Bueno
Sessões
Sintra
Periferias – Festival Internacional de Artes Performativas
Casa de Teatro de Sintra, 4 Mar 2017
Vila Franca de Xira
Palácio do Sobralinho, 25 Nov a 3 Dez 2016 (estreia)
45 min | M/12
MEDIA
“há coisas que acabam bem. todos os que gostam da solidão devem alguma coisa a edward hopper, eu devo-lhe mais ainda. devo-lhe o vazio dos acontecimentos, a melancolia, a imobilidade estática que asfixia a vida. devo-lhe as ruas, os prédios, os bares e os quartos vazios, sem ele, nunca teria acontecido o que me aconteceu ontem à noite, calafetado contra as paredes do palácio do sobralinho, edifício maravilhoso, à boleia de um feixe de luz, caído sobre dois seres próximos de nós mas que não podiam estar mais longe um do outro. Imaterial, uma performance absolutamente genial. por isso, hoje, obrigado Alexandre Lyra Leite”
João Vieira, Facebook
“No início, a sensação de algo inusitado e intrigante. O tempo a passar e nós suspensos, à espera de algo mais do que a luz, ou a ausência dela, e a música.
Aos poucos, essa música, o cenário e os jogos de luz ganham outros contornos, sentimo-los personagens que contam uma história de encontros e desencontros, amor e desamor.
Esta não é uma peça para todos, é-o para quem tem capacidade para descodificar sentidos. Para quem se deixa navegar por dentro.
A 1a parte termina sem uma palavra, sem a entrada em cena de um ator. E depois do intervalo, na esteira da mesma imaterialidade onírica, voltamos a sentar-nos, espectadores expectantes, para assistirmos ao deslumbramento de um bailado em que não se dança, mas em que a leveza dos gestos e a narrativa dos corpos cortam o peso da incógnita da 1a parte e explicitam os subentendidos.
Não há palavras, há emoções, como se só o sentir valesse a pena. Quem se conhece, olha-se e compreende-se, até na incompreensão do outro. A sucessão dos dias, a solidão das noites, o tédio, a paixão, o desencanto, a partida. Está tudo lá, numa poesia muda.”
Clara de Barros, Facebook