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As Flores do Mal, Poemas que se Comem – Vinho e Drogas em Baudelaire, a Fuga ao Spleen

Palácio do Sobralinho
Sab 9 Nov 2019, das 17:00 às 19:00

(inclui degustação)

#1 VINHO E DROGAS EM BAUDELAIRE, A FUGA AO SPLEEN

Na primeira sessão de As Flores do Mal – Poemas que se Comem propomo-nos mergulhar no universo da vida e obra de Charles Baudelaire, um dos maiores poetas simbolistas de final do século XIX, autor da obra “As Flores do Mal”, a qual serve de inspiração à mais recente ópera da Inestética companhia teatral, em cena no Palácio do Sobralinho, de 31 de Outubro a 17 de Novembro.

Ementa de degustação

Entrada – Saucisson brioché
Pancas tinto 2017
Prato – Vitela Orloff
Quinta de Pancas Reserva tinto 2016
Sobremesa – Madalenas recheadas com compota verde e flores comestíveis
Quinta de Pancas Reserva Chardonnay 2015

Embriagai-vos!
Deveis andar sempre embriagados. Tudo consiste nisso: eis a única questão. Para não sentirdes o fardo horrível do Tempo, que vos quebra as espáduas, vergando-vos para o chão, é preciso que vos embriagueis sem descanso.
Mas com quê? Com vinho, poesia, virtude. Como quiserdes. Mas embriagai-vos!

Charles Baudelaire, Petits poémes en prose, 1869

Baudelaire – boémio convicto, numa clara oposição aos ideais burgueses impostos pela mãe e pelo padrasto – entendia os seus “paraísos artificiais”, os estados alterados da consciência proporcionados pelo consumo do vinho, do haxixe e do ópio, como necessários à criação poética e ao despertar do imaginário. Ele é, de resto, o primeiro europeu a comparar o vinho e as drogas num contexto estético e ético, estímulos reveladores de uma desordem nervosa produtiva em termos artísticos, mas simultaneamente dolorosa.
Tomamos ainda consciência de como estes vícios têm uma relação directa com o seu sofrimento, as suas tentativas de fuga ao spleen, palavra de origem inglesa, entendida aqui com toda a sua complexidade, significando simultaneamente angústia, tédio, desencanto, melancolia, má sorte.

Através da leitura de excertos de algumas das suas obras, para além daquela que claramente o imortalizou, assistimos à sua provocação perante a sociedade, à degradação física e psicológica de um homem doente de sífilis e provavelmente bipolar, à forma tão diversa como se relaciona com o vinho – do qual fazia uma verdadeira apologia – , o haxixe (com o qual parece lidar como experiência psicofarmacológica, no Club des Hachichins a que pertence) e o ópio (através do seu derivado láudano, de cujo consumo Baudelaire acabou por perder o controle).

Todos estes aspectos que aqui elencamos serão trabalhados de forma a proporcionar ao participante desta sessão uma experimentação sensorial abrangente, onde se inclui a já habitual experiência do palato.


Concepção e Apresentação
Maria João Martinho e Cristina Rodrigues Pereira
Confecção
Cristina Rodrigues Pereira, José Ricardo Ribeiro Ferreira, Maria João Martinho
Apoio à produção
Ana Rato, Daniel Martinho, Inês Loureiro dos Santos, Jorge L. Santos, Rita Leite
Apoio técnico
Fernando Tavares
Produção
Inestética 2019

Apoios

Imagem © Pierre Devreux