Descrição
“Roberto Corte assalta-nos com um “poema cénico” que se entranha. Uma espécie de voragem autofágica que me sugere o olhar vazio das mulheres de Araki, os labirintos-armadilha de Escher, a desconstrução narrativa de Lynch. Tempo, espaço e acção sem unidade, sem regras.
Escrita semi-automática, veloz, onde a palavra tem o poder de ferir, de provocar o caos, de deixar uma marca indelével. Duas vozes irreconciliáveis, dissonantes, incapazes de coexistir. Uma espiral de tensão interior, uma busca incessante de alívio. Porque é disso que se trata. Agressor e vítima convergindo num ponto.
“Dissonância” implica sentirmo-nos cúmplices do pesadelo. Habitar duas mentes em simultâneo, num perigoso exercício esquizofrénico.
Chegou o momento de conter a respiração e submergir.”
Alexandre Lyra Leite